sábado, 25 de outubro de 2008

Chegas, marcas o espaço num compasso lento.
Frágeis fragmentos rolam no ardor que deixaste.
Desces em meu corpo, tomas água da fonte que brota da minha boca.
Poderia morrer agora, eterno seria em teus lábios.
Danças no cume de mim, lava que me inunda.
Descobres um arquipélago na península do meu ser.
Estou exaurido, amanho um cigarro em jeito de final.
Dizes que não.
Passeia em mim, larga o fogo, a chama que sustento.
Marcaste a tua posição, eu alinhavo um até já na porta da saudade...
24 Outubro 2008
Apaga-se a luz, silêncio.
Não gritem na surdez, incoveniência imprópria.
Vou tão bem no bater do sapato no chão que me eleva.
Abre-se um olho, um outro que se fecha.
Sai da minha boca reticencias pautadas pelo aroma do teu corpo.
Não se cheguem a mim, estou em estado zen.
Narcisista, eu? Não creio.
Estendo o lençol de água a meus pés, que flutuem as vibrações naturais.
Não me falem, deixem o silêncio lavar o meu salivar.
Vou para onde a monotonia pretender.
Jasmim que encontro, faço dele um cigarro.
Sabe a devaneios e loucura.
Não me incomodem quando estou a ter um orgasmo.
A culpa será do verbo que é carne mole e fraca.
Adeus, irei gritar um último suspiro de prazer.
Tratai de me deixar estar...

24 Outubro 2008

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Não te sei amar de outra forma, se não daquela que não conheces.
Faz parte do meu ser, conduta, estado do ser que impele o porquê do querer.
Amar-te-ei de todas as formas e feitio, mesmo que no intervalo do limite digas que não.
Que adianta amar-te de forma tão convencional, se é em teu corpo que tatuo a heliografia que fará derramar pedras do olhar de quem lê.
Oh, que te venhas e vás, deixarás sempre um caudal de alucinação em minha boca.
Não te sei amar através da fórmula que escreveram.
Que importa, se num almofariz piso a paixão e te barro com o ardor...
Não te sei amar daquela e de outra forma é verdade.
Mas saberei sempre amar a antítese aquando me deito nesse olhar intenso e sorrir de gueixa.
23 Outubro 2008

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Pensei que fosse mais fácil dizer o que sinto.
Encenei monólogos, até duetos.
Fragmento de língua travada me saiu, olhar escamado pelos dedos que num zum zum limparam a última palavra.
Acto de desenrolar a língua num diz-que-diz seria contínuo não fosse a preguiça se espreguiçar.
Palavras, esquemas, simbolismos...
Quão difícil se torna aquando o sentir vira o tempo verbal do avesso.
Teimo em colocar granadas nas frases, esperança que um estilhaço me traga o que pretendo.
Mão humana quer escrever, mas será com um leve exercício muscular que com os lábios pronuncio a m o - t e.
A fonética está surda, não cores.
É o teu amar que me faz ser tão difícil escrever o que te é amar.


13 Outubro 2008

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Quereis vós amar?
Amai-vos por entre as folhas de cerejeira e o ardor do pinhal. Colham o fruto vermelho que mais vos apetecer.
Tapem-se com o orvalho que sai do lacrimejar do sol.
Oh, querendo vós amar...
Plantai-vos sob o estrume despojado de outros seres que perderam a dicção da palavra e colocaram um hífen.
Quereis vós amar?
Amai-vos no caudal do luar, venham as intermitências do prazer.
Esgotem a saliva bebendo o cálice que vos dou.
Beberão o nada, nada sabendo que vos irá esperar.
Abram o baú, manta que deslizará a vossos pés.
Aroma ardente, provocante até.
Êxtase, fogo, ardor...
Nada importa, querendo vós amar.
Insistem que escreva estas parcas e talvez opacas palavras. Não será ordem, um desejo abrupto que me rompeu de rompante a mente inundada de sei lá que mais.
Quereis vós amar?
Sejam loucos, deitem palavras ao vento.
Forniquem no seio da noite, calor vos dará.
Perguntam-me vós - Queres amar?
Se quero amar? Eu já amo o amor que me flambeou e trinchou com a seta do cupido.
Amar, amo todos os minutos que com ele estou.
Odeio os segundos quando a saudade me toca.
Mas amar tem 1g de amargura e 1kg de felicidade por cada beijo.
Amar, amo aquando o seu corpo se roça no meu e me diz - Amo-te.
06 Outubro 2008

sábado, 4 de outubro de 2008

Beijo suspenso na boca.
Delinea-se a noite sob os corpos nus que se enlaçam num salivar adocicado.
Enrola-se um amo-te ao dedo que percorre a sede de amar.
Afigura-se o desejo em torno do ar, desliza como seda.
Quebra-se a loucura, paixão avassaladora.
Mais um beijo mal amanhado por entre a linguagem corporal.
Soneto que se dissolve por entre o lacrimejar de felicidade.
Estou em teus braços.
Embalas-me, dás-me um beijo de boa noite.
Beijo que se desprendeu para em tua boca se dependurar.
02 Outubro 2008