Mistura-se o ardor da noite que salpica o céu com o esmorecer de um sol que desmaia sobre o mar. O corpo que se arrasta em linhas um tanto ou quanto duvidosas.
Salvem a alma, o choro que avulso se vai contendo num ai. Gritos ao longe, quem os ouve? Avista-se uma mão que estrangula o horizonte, abre o peito, uma boca que se fecha e abre num tremer de dor.
Um dedo que se coloca a jeito, sustem a respiração, dançam as gaivotas no ar, mau agoiro descrevem.
Morte aconteceu, silêncio, não queiram acordar o aperto que deambula algures entre a esquina e o olho que quer chorar.
Lamento, palrar do corpo que se deixou ficar. Agora, olhando o vazio, avista o enterro de um sorriso que se esgueirou nos braços de uma lua nascida, lambida pelo universo. Negro poderá ser o espaço onde se habita, o olhar que se cruza com o sofrimento.
17 Maio 2011