A chuva cai a jorros por detrás da parede que me separa do mundo real, poderá ser imaginação da minha mente.
Quem sabe, não a julgo como um filme que é colocado a rolar numa tômbola.
Mais facilmente serei eu colocado a girar em torno dos meus pensamentos, inquietudes corporais que de virginais nada se poderão chamar.
Bate com força no chão, riposta contra o ar, ouço o seu gemer aquando entrada nas frestas das casas.
Transeuntes não os há, também não os vejo.
Ponho-me a adivinhar o que outros como eu estarão a pensar, a fazer.
Tolices de uma mente que não tem mais em que pensar, até terá mas o caudal de situações inoportunas estagnou.
A mente vagueia entre as frestas da chuva, dois corpos que se colam. Nus entre a brisa que os envolve, não acalma o fogo que arde de dentro para fora.
Ergue-se uma ponte entre ambos, tentam os dois passear, atravessar pé ante pé.
Caem os dois no vazio que os separa, nem a tesão que tanto os incomodou consegue aguentar o corte transversal que alguém teima em desenhar.
Bate a chuva, batem os olhos que teimam em descair a cada palavra que é esmagada na folha de papel.
Teimosia, talvez insistência do que escreve.
Venha mais chuva, mais calor, mais corpos desnudos.
A mente continua a rolar na tômbola, o corpo adormece entre um espasmo.
Rebenta o caudal, transborda o dique que foi colocado entre as partes mais íntimas do cérebro.
A água que correr agora é outra, são lágrimas de prazer pelo facto de o ser do mundo se ter abstraído e ter escrito palavras quentes e viscosas enquanto a noite era banhada por algo que poderá ter sido imaginário ou tão real como a saudade que o que escreve sente.
08 Junho 2010
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