Lá está a costureirinha, de olhar vago à janela.
Finge que executa um trabalho muito complicado.
Quem a vê, pensa que pobre alma a trabalhar até tarde.
Fios da noite misturam-se com o tecido que vai descendo entre o tricotar e a lágrima que serve de linha.
Mãos tímidas, desfiam um rosário de amor.
O seu amor está no outro lado da rua, finge que acende a lua que servirá de lâmpada à sua amada.
A costureirinha exibe o que esteve a fazer: remendou o seu coração, um espaço deixou.
A janela move-se, aproxima-se do seu amar.
Vem uma mão que fecha a janela, impõe o bom-senso.
Os dois amantes não mais se viram.
A lua que todos os dias se eleva afirma que a costureirinha não mais cessou de tentar preencher o vazio que outrora deixou.
15 Março 2009
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