O sol abraça o dia, sufoca-o, lentamente vai falecendo. A noite vai subindo, rasga o céu, jorra leves traços de laranja, rosa, pigmentação que confude os olhos que observam.
Confunde-se um abraço, aperto no coração. Levanta-se o corpo só, lágrimas que permanecem vincadas no rosto.
A cegonha que faz o ninho no fim/início de um precipício, o corpo cai por entre os grãos que se amontoam sobre os pés.
Labareda de dor, queima a alma, destroi o que a mente vai rolando sob um olhar atento.
Não vem a mão aconchegar o peito que arfa, moridela de lábio. Verte-se sangue, quais lágrimas de D. Inês, manto de carmim sob a imensidão da dor.
Prende-se nos dedos o aroma da saudade, eterno sentir que se abateu sobre a criança em corpo de adulto.
Desfolhar do corpo, que importa os que por ali passam, nada vêm a não ser um louco. Salga-se a pele na água, conserva-se as lágrimas que rasgam a face, abre-se o coração.
Lá longe vem um peixe, morde o conteúdo do ser, um ai que acorda a mente, o pesadelo regressou.
Solidão que se senta, a lua que no céu germinou embala os amantes há muito que amou.
03 Setembro 2010
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