Sentado a meia-luz, penso que quero pensar.
Retiro mais fumo da boca que se quer pronunciar.
A noite envolve-se nas frases curtas que vou tecendo.
Corpo inerte, olhar pendular.
Sozinho com a brisa que me esbofeteia, choro.
Chorar que lava a alma, o chão que me sustem.
Abraçar a carência e dela fazer um fantoche não seria má ideia.
Peça teatral, talvez até palaçal.
Despida de pudor e louvor nem à puta mais reles iria servir.
Não te zangues, não sou bipolar.
Raiva que cresce e desce consoante a tristeza me toca.
Fazes-me falta, tanta falta.
Sou a caravela atracada num porto sem rei nem roque.
Cai o pano, lá longe chamas por mim.
Não venhas já, deixa-me terminar de fumar.
Senta-te aí na sala de espera do meu chamar.
A raiva que sinto não tens que a carregar.
Tratarei de a expulsar aquando o anjo a levar.
Vou ali venho já, vou dizer adeus ao meu pesar.
Aqui estou, tira-me deste navegar que ao meu chorar vem sempre parar.
26 Fevereiro 2009
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