A velha oliveira quer amanhecer mais uma vez na terra que a sentiu nascer.
Deseja que o raiar lhe adocique a penugem já gasta por todas as mãos que lhe tocaram.
Quer porque quer que o infinito a faça girar até tombar.
Saudades dos tempos em que os catraios se sentavam no seu colo, choravam, riam, beijos davam...
Sente-se só, agora a negrura da noite dissolve-se no orvalho.
Ainda brotou uma azeitona na ponta da sua boca.
Linda, tão bela. Orgulho tem, medo também.
Ninguém chorará, lamentará o seu desfalecer.
Olha de frente o monte que a rodeia.
Virão pessoas deitar-se ali. Ela já não estará presente, só tem uma coisa em mente: morrer na boca do anjo que a colheu aquando a sua queda.
Fecha os olhos e espera...
12 Fevereiro 2009
Sem comentários:
Enviar um comentário