segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Quão estranho é o corpo que serve de suporte a esta alma, algures perdida entre uma ponte descaída e a água que dela jorra.
Umas mãos, um tanto ou quanto grotescas, apertam o ciclo normal do crescimento. Tal qual o pôr-do-sol que descai em cortes oblíquos, a boca desfia a espinha dorsal dos medos, temores, desejos escondidos por entre uns sorrisos opacos.
Leves lufadas de brisas, doidivanas, riem entre a carne que se reanima. Teimam em jeito de escarno falar sobre o que é o ciclo normal, nunca saberão o que sente a alma, são desprovidas de qualquer sentir.
Todavia, a mão que parecia grotesca, é pura seda, desliza sob a imensidão d' água que com a sua força embate no dique imposto por um alguém, não se sabe quem.
Em breve, chegará a negrura, com ela a solidão de alguém que se senta a um canto e declama um cantiga de amor. Talvez um poema, ora sentido, ora casto.
Ao longe, ouvir-se-á o tic-tac de um velha que à janela espera a notícia de última hora.
O tempo morrerá antes de o mensageiro entregar o papiro, a velha não saberá o que fazer e a alma, entre os seres habitará num eterno desejo de se expandir sob o amor...
29 Agosto 2011