quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Se pudesse, ter-te-ia sugado a alma num sopro.
Hoje em leves tragos saboreei teu corpo.
Entre os dedos escapaste, um rasto de loucura pulverizou o meu olhar.
Entre um grito e um soluço, o mundo girou. Veio tombar em minhas mãos, não aguentei tamanho peso.
Caí no infinito, perdi-me na negrura.
Talvez por não falar de cor, o coração fraquejou.
Jorraram palavras, subtis dizeres amanhados por uma língua sedenta.
Mais uma vez, tantas outras iguais, um pouco de mim cedeu.
Que eu seja a estátua grega, pálida, leve no sentir.
Gélido olhar mostrarei, mantendo os átomos da anatomia do que foi um coração nas mãos.
Estagnei, sem saber bem o porquê, ainda te escrevo.
Os olhos não vêem, mas os dedos teimam em falar.
Amar, amar que nem um louco, tão louco já o sou.
Ultrapassei o patamar da insanidade, não faz mal.
Tão louco é aquele que ama, quanto o que a cura deseja.
22 Setembro 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tenho medo do escuro, da solidão, da dor de estar só.
Fechado, vejo o tempo escoar entre a aresta do tic-tac.
Choro avulso, tragam o medidor, não deixem-me estar.
Despido toco a pele enrugada, o frio cortante gela-me.
Estou a um canto redondo, fumo e fumo.
A manhã está longe, o silêncio impera.
Corpo que treme, a mão procura o prazer.
Jorra o êxtase, por momentos voo entre nuvens.
De novo, a puta realidade.
Germina uma ansiedade no peito, termino por falecer no duro chão.
Olham-me, desprezam-me.
Nada sou a não ser o horrível fim de uma cena rasca.
25 Agosto
Alma, oh alma minha. Diz-me que sentir é este: agoniante, por vezes cortante ao lacrimejar. Não sei o que queres de mim, bem que tento alimentar-te.
Ai, a minha alma entregou-se ao sublime luar.
Labaredas circundam o meu ser, vem leve brisa.
Apaga este ardor, salva o que resta deste pobre pecador.
Deambulo entre o purgatório e o abismo da sobriedade.
Que alma esta, sentada descruza as pernas, deixa que a tristeza a penetre, de forma violenta.
Vezes em que se sente prazer, outras um nada.
Traz-me debaixo do braço, outras deixa-me só no vazio. Penso e penso que alma me deram.
20 de Setembro