Torna-se difícil respirar, o ar envolvente é soturno está gasto.
A chuva que cai corta a vontade de gritar e tudo partir.
Poderia dizer que seria angústia.
Na verdade é tristeza, cansaço.
A carcaça já não sente o pesar dos ossos, inundou-se de um sabor amargo.
Pede descanso quando lhe dão adversidades.
Estou tal qual o viajante que encontra a esfinge, sendo que o enigma não saberá resolver.
Serei devorado pela leveza do saber que um dia tudo esquecerá aquando o bom senso me esbofetear.
Os meus olhos colhem a chuva, deixo-me invadir.
Longe estão os pensamentos de outrora.
Antes que caia, desfio o rosário que é o teu corpo.
Não o tenho é verdade, é a atmosfera frágil que me faz pensar que num soneto te posso criar.
Esbofeteio-me, paro.
O bater da água faz-me lamber o desejo que rasteja a meus pés.
Invade-me algo estranho.
Estou parado na negrura de mais uma noite em que tudo gira e gira e gira.
Tombo que dou, lágrima deito.
Vou recolher-me entre a última vogal e o ponto final.
O ar se vai, fingirei dormir.
Vem-me amar e ensinar de novo a respirar.
28 Maio