O meu outro lado que muito poucos conhecem. Um lado sensível, nostálgico, poeta ... Apreciem e naveguem por entre os enigmas da prosa e poesia.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Annie Lennox-The Hurting Time
Legião de vozes que batucam tal qual um martelo.
Divagam no que chamam de lar, cérebro, não são mais do que pensamentos que se entrelaçam nos subúrbios do meditar.
Organizá-los consoante a demência daria muito trabalho, não haveria contra peso e medida, alguns perder-se-iam nas malhas de um passador inexperiente.
Hábito de costume, nem os sinto ou ouço muitas vezes, insistem e fecham-me a visão, aí voo por entre as palavras, dialectos que possam usar.
Que me importa o que pensem, não saberão entender o que vai cá dentro.
Louco não estou, como poderia ser algo que já sou?
Shiu, adormeceram, paz, alívio...
06 Dezembro 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Maria Bethânia - Tenha calma
Tento manter a calma, disparos de sentir, amargura, como que numa roleta russa nunca se sabe quando vai sair a cor que escolhemos.
Morro na estrada, não chego a esquartejar as palavras em gumes, rolam no asfalto em cru.
Saberão porventura que ser humano é sentir em duplicado o que outros não sentem?
Que falta faz a paz que se avista ao longe, espinhos rompem do nada, nem chego a senti-los.
Por vezes vem um bálsamo, refresca o esquecimento, ludibria o sentir que se sente cansado de tanto se mostrar.
Bem que quis, esqueci o que quis. Rasgos de memórias, estado de lucidez estrangulado entre olhares e bofetadas que o vento me trouxe.
O desejo, esse vive só, quis partir, implorei que não me deixasse.
Venham até mim, me elevem num pedestal sem suporte, não quero ser Rei nem senhor de quimeras. Imperador de uma terra de ninguém, tanto faz que seja no vazio que choro os acordes de um fado.
Descai o pano sobre mim, tudo se apaga , estou no céu? Que importa se silêncio, harmonia e tudo o que quis manter se vem chegando...
24 Novembro 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Nocturno - Chopin
Vagueia um homem sem rosto, folhas que o encobrem. A noite desmaia a cada passo que dá, não há sons, cheiros.
Imparcialidade dos transeuntes, inexistência de um cumprimento.
Quem és homem sem rosto?
Que trazes em teu coração, porque vagueias no soturno da noite?
Olha para mim, estou aqui, sim.
Não vás, deixa que te estude, te faça falar.
Também eu o rosto há muito perdi, aliás perdi-me em ruas e vielas, oblíquas, outras circulares, sei lá.
Bem sei que não pensas, tal como eu pensara em tempos, quimeras e futuros lambidos por uma vidente.
Deixa que te acompanhe, prometo não falar, serei a tua sombra.
Onde estás homem sem rosto?
Que fazes tu atrás de mim?
Serei eu a tua sombra e não tu a minha...
08 Novembro 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Marisa Monte//Bem que se quis
Tenho fome de infinito, sede de estrelas, de penetrar o buraco negro.
Chora a rameira, lágrimas que são orvalho em minhas mãos. Vento que abana o meu corpo, teimosia da mão que não larga o luar.
Difícil vencer o derrotista, tango que se desenrola sob os pés.
Que fado carrego nos lábios gretados e marmorizados por um toque. Espiral de emoções, carrossel do desejo.
Alguém que me liberte, arranque os grilhões que me ferem a alma.
Ardósia que colocaram no céu, lá escrevo a dor, não são estrelas, talvez enigmas.
Aterro em pernas do amor, eleva-me a loucura, deixo-me estar...
05 Novembro 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
Annie Lennox - Why?
Teus olhos cor de chuva, puxam-me para a imensidão que os cerca.
Lânguida é a forma que tornam, abraçam e observem as minhas palavras.
Entretenho-me a desvendar enigmas encriptados, distraio-me em teus lábios, sorrir adocicado. Sou manteiga em teu corpo, fogo que explode com teu silêncio.
Intemporal torna-se o espaço, sacio-me em tuas mãos, defines o meu corpo, moldas a minha loucura.
É nesses olhos de chuva que me banho e me deleito com o que dizem ser amor...
16 Setembro 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Ella Fitzgerald - Summertime
A luz que o candeeiro reflecte, pisca como que num código morse. A penumbra já não mata em pequenas porções o tempo. Os ponteiros lutam, descai o dia sob meus olhos, pensamento que te procura.
O cheiro que te aspira num atchim, erguem-se as paredes num todo, toco o betão, estás aí, eu sei. Estás entre tijolos, quero partir as vigas, parte-se o beijo que entre as gretas te dou.
Uma mão, grande, bate-me. Afasta-me do doce, da gula, que pecado tão feio.
Armam-me em poeta de rua, esperam que declame as pedras, as melancias que rolam do corpo da duquesa. As palavras não mentem, menos os dedos, de jorrada divirto o bobo, tomates me atiram.
Saio do palco, a mão tranca-me na cela, a luz que pisca, a ratazana que ri, estando nu crucifico-me na parede.
Palavras que se alojam em mim, anos vindouros será o louco que com as palavras fornicou, quando teu corpo a um toque estava...
13 Setembro 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
miss you like crazy / Natalie Cole
O sol abraça o dia, sufoca-o, lentamente vai falecendo. A noite vai subindo, rasga o céu, jorra leves traços de laranja, rosa, pigmentação que confude os olhos que observam.
Confunde-se um abraço, aperto no coração. Levanta-se o corpo só, lágrimas que permanecem vincadas no rosto.
A cegonha que faz o ninho no fim/início de um precipício, o corpo cai por entre os grãos que se amontoam sobre os pés.
Labareda de dor, queima a alma, destroi o que a mente vai rolando sob um olhar atento.
Não vem a mão aconchegar o peito que arfa, moridela de lábio. Verte-se sangue, quais lágrimas de D. Inês, manto de carmim sob a imensidão da dor.
Prende-se nos dedos o aroma da saudade, eterno sentir que se abateu sobre a criança em corpo de adulto.
Desfolhar do corpo, que importa os que por ali passam, nada vêm a não ser um louco. Salga-se a pele na água, conserva-se as lágrimas que rasgam a face, abre-se o coração.
Lá longe vem um peixe, morde o conteúdo do ser, um ai que acorda a mente, o pesadelo regressou.
Solidão que se senta, a lua que no céu germinou embala os amantes há muito que amou.
03 Setembro 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
sábado, 28 de agosto de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
18/05/2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
A uma amiga
terça-feira, 27 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Perdi a noção do tempo e espaço, seja ele temporal ou físico. Se me falam, não o sei dizer, sei que mexem o maxilar e articulam gestos secos, quase que repetidos, outros partidos pela ignorância e falta de inteligência de quem os diz.
Sentido crítico, malvadez, podereis dizer. Que me importa, que o digam, estou para além do que possais imaginar.
A sombra envolve-se em mim, quase que poderíamos fazer amor eternamente. Ninguém notaria, estão todos absortos em fingir que estão a realizar uma tarefa importante, como são tolos, fúteis.
Ver além do que mostram é um dom, um passo e mágica em que do nada despimos as pessoas.
Não é nudez, pelo menos no sentido lato que quereis dar. Pecadores de mentes, também o sei ser, oh se sei ser admito.
Pequeno aparte, remetemo-nos para a nudez, nudez de espírito.
Nestes momentos em que me deixo ir nestes caminhos do pensamento, poderia deixar o meu corpo onde me encontro e divagar entre o mundo.
Desperto com o cair de uma caneta, alguém que fala mais alto. Todos querem a atenção, a popularidade, a medalha.
No final do dia, levam o vazio que as acompanha. O mesmo vazio que trouxeram quando aqui chegaram, sentem-se contentes, por vezes reis e rainhas de reinados inventados somente nas mentes deles.
A sombra vai se esfumando, espiral que se enrola no chão. Tenta sobreviver, o frio que a banha, a luz que a incomoda. Olho a meu redor, não estou só mas sinto que estou.
Faz-me bem pensar que sim, leve e solto entre palavras aglomeradas na minha boca que saltam para as mãos.
Despejar parte delas em papel faz com que me eleve a um nível do jogo que muitos não atingirão.
Desço à terra, aterro no meio de processos e papelada. Céu e inferno num só termo, visto a fatiota de trabalhador. Espreito a rua que se movimenta em sentidos opostos, azáfama constante.
Frenesim de pessoas atabalhoadas pelo stress que fingem ter, sorriso que se impõe em minha boca.
Fecha-se a página deste capítulo, maçudo ou não, dir-me-á quem lê.
Não me importarei se for aborrecido, redundante, piegas, soube bem…
terça-feira, 23 de março de 2010
Pano desejado por mãos, olhares que o querem pousar. Ter numa mesa, até numa janela indiscreta.
Rasguem, desfaçam em fios. Os poros libertam a goma, enruga-se a ponta.
Está bordado a ouro, a paixão, tesão que outrora foi vincada.
Ilusão de ser o mais tocado, o que poliu e um brilho fez sair do corpo morto que se ergueu.
Mentira, resultado das várias luas que se despem.
Não seremos todos uma mentira elaborada?
Panos pequenos perante o desejo, a vontade de tudo explorar.
Ser a acompanhante de luxo que despe o corpo, mostra somente a carne escolhida entre risos e apalpões.
Sou a mentira dos que julgam ser a verdade.
Que seja, o meu corpo jamais mentirá, somente se disser que não te amo.
23 Mar. 10