quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tenho muitas faces, facetas, sensos-comuns.
Poderei ser a dançarina de um cabaret, a puta mais reles. Quem sabe a lua que banha e se envolve na noite.
Perdi a noção da deixa que me deixaram, improviso sei-o bem.
Desfolha-me e em cada pétala que tocares, terás dor, paixão, sorriso, solidão...
Se pensas que sou o que sou, enganas-te, serei o que não pensaste somente e tão pouco quando deverias pensar que sou.
Olha para mim, abre-me a alma, tanta gente a despreza.
Tu, sim tu. Tocas-te, desencadeaste o mais profundo do meu eu.
Eu camuflado de arrogância, aspereza no falar.
Foi quando te deitaste nas minhas palavras, que eu soube me despir. Não tive dor, medo de estar nu.
Nudez frágil, sensível...
Quem eu sou?
Não o digas a ninguém...
18 Novembro 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

Confesso, peco ao tentar beijar a loucura que transporto.
Fico absorto, devaneios que palpitam o meu corpo.
Abate-se em mim um estranho sentir, querer o exílio num exíguo espaço.
O confessionário não tem Deus, quem me ouve é algo transcendente.
Rasgo a roupa, sensação de paz. O fumo de mais um cigarro passeia em mim.
A meia haste grito. Não de prazer, desejo.
Talvez porque me apetece, não sei.
Medo, muito medo. Deixem-me na condição desenfreada e atónita do orgasmo.
Paradoxo que salta, deixo-me cair.
A portilhona fecha-se, terminou o início: Eu confesso.
Será minha penitencia, tão só minha fornicar com a insanidade quando amor poderia fazer.
13 de Novembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Se pudesse, ter-te-ia sugado a alma num sopro.
Hoje em leves tragos saboreei teu corpo.
Entre os dedos escapaste, um rasto de loucura pulverizou o meu olhar.
Entre um grito e um soluço, o mundo girou. Veio tombar em minhas mãos, não aguentei tamanho peso.
Caí no infinito, perdi-me na negrura.
Talvez por não falar de cor, o coração fraquejou.
Jorraram palavras, subtis dizeres amanhados por uma língua sedenta.
Mais uma vez, tantas outras iguais, um pouco de mim cedeu.
Que eu seja a estátua grega, pálida, leve no sentir.
Gélido olhar mostrarei, mantendo os átomos da anatomia do que foi um coração nas mãos.
Estagnei, sem saber bem o porquê, ainda te escrevo.
Os olhos não vêem, mas os dedos teimam em falar.
Amar, amar que nem um louco, tão louco já o sou.
Ultrapassei o patamar da insanidade, não faz mal.
Tão louco é aquele que ama, quanto o que a cura deseja.
22 Setembro 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tenho medo do escuro, da solidão, da dor de estar só.
Fechado, vejo o tempo escoar entre a aresta do tic-tac.
Choro avulso, tragam o medidor, não deixem-me estar.
Despido toco a pele enrugada, o frio cortante gela-me.
Estou a um canto redondo, fumo e fumo.
A manhã está longe, o silêncio impera.
Corpo que treme, a mão procura o prazer.
Jorra o êxtase, por momentos voo entre nuvens.
De novo, a puta realidade.
Germina uma ansiedade no peito, termino por falecer no duro chão.
Olham-me, desprezam-me.
Nada sou a não ser o horrível fim de uma cena rasca.
25 Agosto
Alma, oh alma minha. Diz-me que sentir é este: agoniante, por vezes cortante ao lacrimejar. Não sei o que queres de mim, bem que tento alimentar-te.
Ai, a minha alma entregou-se ao sublime luar.
Labaredas circundam o meu ser, vem leve brisa.
Apaga este ardor, salva o que resta deste pobre pecador.
Deambulo entre o purgatório e o abismo da sobriedade.
Que alma esta, sentada descruza as pernas, deixa que a tristeza a penetre, de forma violenta.
Vezes em que se sente prazer, outras um nada.
Traz-me debaixo do braço, outras deixa-me só no vazio. Penso e penso que alma me deram.
20 de Setembro

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Olá, está aí alguém?
Nada nem ninguém, somente o ranger de algo que teima em se manifestar.
Aconchego-me à vontade de falar, gemer, sei lá.
Vazio cortante, penumbra que veste quatro paredes.
Respiração que vai esmorecendo, medo muito medo.
Tal qual uma criança, brinco com as palavras.
Deixaram-me num canto, solidão que me acaricia.
Despojo-me de chorar, que adianta?
Tremura, canto, tento espantar a saudade.
Fechar de olhos, abrir do coração.
Deixo-me embalar, alguém canta, ou serei eu que ouço?
Posição de feto, adormece o cérebro. Morre a noite em meus braços, juntos partimos para um plano paradoxal ao que estamos.
Olá, estou aqui.

02 de Agosto de 2009
Na manhã da vida perguntava o porquê do porquê?
Hoje num final de tarde, o sol descai na planície que se formou.
Limito-me a prenunciar que o porquê é uma condição, não tem acção apenas uma imposição.
Grave e sublime pensar, no fingir que teimo passar.
Não quero o condicional do limite, desejo explodir em fragmentos do ser.
Livre como o espaço entre duas palavras.
Teço finos versos, teias que entrelaçam os olhares.
Avista-se a noite, magra e sedenta do conhecer.
Suspiro que salta da boca, beijo entabaloado numa rima ordinária.
Tens o saber do meu ser.
Cultiva-me, faz-me crer que a noite trará a lucidez e não a embriaguez do porquê quando me perguntarem o porquê de não te ter.


28 de Julho de 2009
Intenso prazer, sai-me das mãos.
Jorra num acto contínuo, gemer silêncio.
Vem o vazio, nudez envergonhada.
Falta o toque, numa palavra de carinho.
Fumar neste momento iria defumar o meu ser.
Beijo a noite, lavo-me em rosas.
Corpo que estremece, eleva-se mais um clímax.
Deixo-me adivinhar entre o prazer e a saudade do que podia ter.


25 de Julho de 2009
Desabrocha da boca um lírio, seria de esperar um beijo: ardente, embora fugaz, talvez lambido pelo desejo.
O beijo não houve, leve brisa rompeu o acto.
Mãos que tremem, levam lágrimas aos olhos, espelho da ansiedade, grotesca ambição de um leve roçar.
Múrmurios, lamentares, pesares pendurados em paralelo juntam-se a palavras.
Obtusas, velozes e certeiras.
Pisam e empurram sem sequer pensar que alguém as arrancou.
Teria tanto para dizer, embora este sentir não se traduza. É fictício para todos os que vêm.
Restam os pesados minutos, orgasmos reprimidos aquando tua pele toquei.
Secura, não quero beber a não ser teu corpo. Paro de escrever, chorarei num cigarro.


23 de Julho de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Que importa os sonhos perdidos, vida esquecida, olhar preso no monte.
A voz estremecida algures entre a margem do rio, pensando no início nada sei.
O borrão desbotou lágrimas, esconderam-nas.
A dignidade outrora perdeu-se entre um abrir de pernas.
Sem conexão, este pensar não terá lugar entre os dizeres populares.
Sou o que foste, serei o que não quiseste.
Lavo os sonhos, despejo a vontade.
Soltem-se as vicissitudes da vida, efermidades de trazer numa alcova.
Que importa, nada e somente nada.
Quis eu ter a cura da loucura, encontrei-a.
Preferi ser em acto contínuo o louco, estar sóbrio de mim iria fazer com que matasse a vontade de amar.


14 de Julho 2009

terça-feira, 30 de junho de 2009

Pedras lançadas , a rua ferida.
Casas de costas voltadas, o calor que se converteu em chuva.
Derrama o orvalho adjacente, mãos gretadas, corpo espancado na surdina.
Mia um gato, sinal de mau agouro, tristeza aleada à dor, solidão.
A velha cura o lençol, a lua salpica-a com brancura, leveza.
Silêncio, deambula entre palavras cortadas. O grito que se parte em cacos.
Insanidade talvez, também o desespero, um je ne sais quoi.
Lacrar este palavrear com o cigarro, tentar ler.
Desisto de escrever, insónias me visitam.
Adeus.
À medida que a noite vai envelhecendo, saem do seu ventre, gemeres, lamentares, gritos, prazeres, angústias, fúrias...
Enruga-se a testa, ajeita o vestido, retoca a maquiagem.
As horas sempre pesadas, o eterno cigarro, sempre de gin na mão.
A eterna ansiedade do abraçar, beijar o raiar do dia.
Houve fases, quimeras esquecidas, em que um longo e efémero orgasmo experimentou.
Virgem não morrerá, vazio levará, a cândida tristeza a acompanhará.
Despida, longas linhas se descrevem. Rios de uma pele gasta, coçada aquando clamavam por ela.
Narcisistas, só pensavam neles, poemas, romances, tantos a escreveram mas nenhum na sua cama a deitou.
Sonhou ser a puta que tantas vezes viu, não a que o corpo vendia. Aquela que por pura tesão, loucura ou não os homens trincava.
Em nada se tornou, serve apenas os amantes como refúgio.
Toma um último trago de minutos, o raiar não irá tardar.
Excita-se, toca ao de leve nos seios, humedece a boca do pecado.
Quer um último orgasmo, pleno e intenso.
Abre as pernas, entra o amanhecer.
Explosão de luz, frenesim diário.
Faleceu a noite, não chorem os demais.
Rejuvenescida irá aparecer e outro lamento irá trazer.
28 Junho de 2009

domingo, 14 de junho de 2009

Nudez, suspensa por dois beijos, obscuridade exígua que espelha uma lua a dormir.
Corpo calvo, ausência manual de uma carícia, limpidez sagaz do desejo.
Bebe o suave veneno, incolor, até sem dor nem prazer.
Um olhar revirado busca na tímida parede um adjectivo, uma excitação. Tão breve poderia ser o ai final.
Brancura em tons opacos se vislumbra.
Cai em fios uma leve chuva, teia, empobrecida pela saudade grotesca.
O nu, estendeu-se entre duas páginas coçadas, brisa que se solta.
Quão pecador, pecado, poderá ser feito entre o martelar de segundos.
Dispa-se o nu, que tente divagar entre o sonhar: amar não passa de uma sonolência, dormência em que o corpo teima em procurar o sentir.
Tu, sim, veste-me a alma, lava-me os olhos.
Na boca manterei o credo de amar.
13 de Junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Abrir de asas, leve roçar pela penumbra, chora alguém, um outro ri.
Distante, alguém que vibra com um orgasmo, gemer leve, intenso, gasto pelo calor dos corpos.
Esbracejar da rua que se estende, lambe as virtudes e taras despidas. Toca o lânguido jazz, ando e vejo, escrevo no ar. Agarro o desejo de ser livre entre o discernimento, o pudor que espreita a cada esquina.
Do nada, o silêncio que me suga, faz-me rodopiar tal qual um pião.
O meu corpo finge um final suado, exausto.
A noite em mim entrou, não quero mais estar aqui.
Atirem-me para o meio de ti, junto da liberdade de ser quem quero ser.
Morder teus lábios, tapar o acto com um lençol.
Despojar-me da ironia e ser a perversidade.
Asas, não as tenho. Porque haveria de ter?
Não sou Ícaro, apenas gay.
08 Junho 2009
Liberta-se a libertinagem, apaga-se a luz em mim.
Não quero estar aqui, acolá.
Rasgar a pele, soltar o outro eu.
Vem um dedo sob os lábios - psiu, não te leve o vento.
Que importa o hoje, saudades e vontades.
Apetece-me agarrar em ti, subir ao palco, encenar um sketch. Beijar, amordaçar.
Virar a putana imunda, vulgar não me importa.
A noite perfumou-me com o desejo de expulsar, mostrar o que reprimo.
Há coisas que me espicaçam, fazem vir à tona o que me der na real gana.
Felicita-te por não estares aqui, hoje e talvez só hoje seria a doidivana que teu corpo roubaria. A rua nu desceria, mas seria feliz na condição do que sou.
7 de Junho 2009

domingo, 31 de maio de 2009

É no adeus que se perde o sentir, o saber quem somos.
Um aceno, um beijo que cai da boca, a lágrima que rola entre olhares perdidos, quase vagos.
Desfia-se um até já sem se notar que os dedos sangram de dor.
Que adianta lamentar, num minuto tudo é levado: o cheiro, o toque, a tesão que rebentou e fragmentos deixou.
É no adeus que nos chega o fado dos amantes, dos que temem não haver amanhã.
Rolo no veludo da noite, acalma a angústia.
Cândida é a forma como projecto o que sinto, ninguém vê, ninguém notará.
Embalo as palavras, deita-las-eis no berço do meu grunhir.
Até já, nunca um até amanhã.
Não suportarei a enfermidade de te saber só até me encontrares.
31 Maio 2009

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O tanque que transborda marca o compasso. Plin, plin ouve-se o gotejar roçar no chão.
O corpo que se simula entre o espreguiçar de um entardecer.
Poisa o pássaro, beberica o que não evaporou.
Volta e meia, desvenda-se o corpo. Timidez arrastada, suor que brinca na cauda do desejo.
Endurece o céu, negrura nocturna.
Mão que descobre a pele sedenta.
Solta-se a vontade, amarra-se a libertinagem.
Sacia o pudor num copo de luar.
A mão brinca um jogo de explosão onde não há nem poderá existir a metade do querer.
Desce o véu em cascata, a nu está a origem do vibrar.
Tu que lês pensarás agora o que entenderes.
Todavia o cenário final escoou entre a vertigem de um gemer e do climáx final...
25 Maio 2009
O doce amargo que deambula, anseia, suplica um beijo.
Entre palavras e gemeres que venha o calor, a ténue dor do final.
Desfia-se no céu a sagaz vontade do voyeur que queria ver o que não lhe deixam transparecer.
Dançam o tango rua abaixo dois candeeiros, ai que o ciume do lampião vai explodir.
Juras eternas duas lágrimas que rolam da face do cigarro teimam perder no nada de um cinzeiro.
Corpo que suspira, nudez que demonstra.
Longe vai a aurora que entrava num êxtase de loucura.
Chamem o doce do amor, expliquem ao amargo do não ter que a vaidade dos amantes não tem medida.
Recolham os olhares, dois em um tornar-se-ao.
Revira o olhar a noite, tão bem ela sabe que quem ama e amado é tanto tem o doce como o fel na ponta da língua aquando um beijo se dá...
24 Maio 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Lamento que lamenta o que já lamentei tantas noites.
Fumo num banco já rasgado pelo tempo que me afundei a escrever para ti.
Tépido vapor sai de mim, quebra a ausência do suor que deitaria...
Deleito-me com mais um esgueirar do pensar.
Outrora chamaria uma carpideira e uma guitarra portuguesa. Um fado comporia em jeito de desgraça.
Esta noite não quero que o fado me cubra com o xaile.
O corpo vagueia nessa loucura que sentimos, as palavras apenas prendem o órgão que palpita por um palpite que nem tão cedo uma noite irá ter.
Roer o ar que me abana faz saciar, talvez o ardor que se pôs a jeito em meu peito.
Cruzo ou entrelaço a boca num fio de luz.
Hoje lamento não ter roubado o tempo que nos faz pensar que pouco tempo temos sempre.
20 Maio 2009

sexta-feira, 1 de maio de 2009

As intermitências da noite levam-me à loucura.
O céu desfaz-se em suaves farrapos.
Lambo o orvalho que se vai gerando por entre os meus olhos.
Insanidade, dormência de um cérebro apagado por uma borracha que alguém teve a ideia de usar.
Quão louco, poderei eu estar?
Também não quero a sobriedade das palavras que outrora alguém palrou.
Saio de mim, deixo-me molhar pelos fios de poemas que advém do céu.
Todavia pensar está fora do limite do querer.
Adormeço entre a saudade e o desejo que penetra o corpo que deixei.
A lua está fundida esta noite, despe-me e acaricia.
Não sou forte, deixo que ela e a loucura dos dias me deixem beber em teu corpo o antídoto para em pleno te amar.
30 Abril de 2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Finos raios de um final de tarde penetram a janela que se ajeita da forma como lhe convêm.
Teu corpo esguio, lambido por esses raios faz-me lembrar uma estátua grega que se venera.
Observo por entre um esgueirar dos olhos que se abrem.
Vacilo entre dizer que não te mexas ou que me deixes te amar.
Imóvel, deleito-me a pensar que poderei verter o universo em teu corpo para ter o sublime prazer de girar e me deitar nos anéis de Saturno.
O teu cheiro desliza até mim, o meu corpo entra em ebulição.
Pé-ante-pé aproximo-me de ti, banho-me com o cruzar do sol e luar.
Peço às paredes que se afastem, quero-te só nesse dormir profundo.
Quando me debruço para teu corpo beijar não te encontro.
O dia levou-te deixando que a labareda do desejo me consumisse...
22 Abril 2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Desfolhar-te num gesto de carência fez rasgar o céu.
Levemente retirei o pudor que coloquei na cama que seria nossa.
Tremura se apoderou das minhas mãos, dançaste em meus dedos.
Ceguei com a sede de te ter.
A lua jorrou lânguidas baforadas de ar, explosão se deu.
Despi o fato de beato, revelei o meu lado selvagem.
Em teus prados entrei e o feno colhi.
A nudez que levei não me incomodou.
Penetrei na cascata que brotou da tua boca.
Loucura, nem sabia por onde te pegar.
Fez-se noite, o orvalho nos envolveu.
O orgasmo, êxtase atingi aquando colhi um lírio de teu corpo.
Repouso agora neste eterno soneto.
Vem devagar e termina a frase com uma longa redundância...
20 Abril de 2009
A noite já se deitou na cama de um outro.
Não importa quem é.
Cheira a rosas que suaram durante o acto.
Há uma certa palidez no luar, passeia uma leve brisa por entre as lágrimas de muitos amantes.
Absorvo a essência nocturna.
Acordei e não te senti.
Dormiu a noite contigo?
Não creio, se te senti me abraçar e beijar.
Percorreste os meus desejos e vontades num leve tocar.
Gemia a noite de prazer quando te amei e sonhei.
Bebo teu cheiro, vou-me embriagar e deleitar no aroma que sinto.
A noite veste-se, ordinária mas sublime no provocar o amante.
Pisca-me o olho, aceno.
Quero dormir e sonhar que em teu corpo irei sempre dormitar...
19 Abril de 2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

Quem esperas nesse vão de escada?
Não te vejo, estás num ângulo obtuso, a penumbra corta-te ao meio.
Trazes o sexo dependurado como quem traz um ramo de flores.
Anseias a sua chegada, esgravatas o metal, róis a vontade.
Deixa-te estar, saíres seria um adeus ao que está para chegar.
Olhar vago, melancólico, vidrado à espera de um passo, um arrastar de uma porta.
Tudo ouves, nada verás.
Tremes ao sentir a noite escoar no chão. Toca-te, veste o teu corpo de loucura.
Choras, ris...
Mentalizas-te que não virá, teu sexo recolheu.
Esqueceu que teimas em ter desejo de...
Ver-te nesse pesar, faz-me chorar.
Lágrimas galopam de mim para ti, telepatia.
Deixas que o cigarro te fume, envolva na geada da dor.
Ergues teu corpo, pesado pelo que sentes.
Ditas à mão que escreva um soneto, depressa, depressinha.
As palavras querem dormir, ardes de loucura, tesão.
Quem esperavas não veio, já o sabias antes de acontecer.
Impuseram que fosse assim, esporádico e teatral esses encontros fugazes...
Vais embora, também vou.
Do outro lado te vejo partir.
Do lado oposto estou a pensar que ao espelho não mais me quero ver.
14 Abril de 2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Teu corpo são dois gomos.
Travo amargo, adocicado que se misturam num salivar palpitante, delirante.
Comer de uma só vez seria pecado, confissão meio atabalhoada por palavras semi-cortadas.
Escorre um fio de sumo, o dedo que ampara sua queda.
A boca que te deseja, abre-se num arranjo musical.
Forma-se um soneto, contorno teu corpo flamejado pelo luar que te expõe.
Meus dedos tremem, frágeis tentam delinear no breu o teu sentir.
Sobe a temperatura, aragem que cessou.
Desfolho os gomos, devagar, com uma sensualidade e ternura que faz corar o lençol que nos cobre.
Não sei se te trinco por cima ou por debaixo.
Ajeita-te em minha boca, prometo ser infinito no prazer e vontade de te amar...
12 Abril de 2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Que sentir tão nobre é este que cada palavra é um gemer.
Equiparar-se-á a um orgasmo, sublime, intenso.
Chega como quem não pede licença, arrebata-me a mente.
Já perguntei à lua que se pendura no céu que fez ela.
Não responde, até mim desliza o prazer de gritar, chorar, rir até com a mais reles puta que lê o que escrevo.
Metarmofose que se processa, a língua transforma-se em sílabas, metáforas atiradas para o papel.
O cinzeiro reclama que o ando a queimar demasiado.
É verdade, há que matar este sentir de qualquer forma.
Uns chamarão amor, outros tesão...
Seja o que for é para ti que escrevo.
Tu que me lavas a pele e vestes com teu corpo.
Sou o chão que dormes e a boca que arde por um beijo que tirou senha para te cumprimentar.
Amar não! Eu sou tu!
08 Abril 2009
A estrada lambe as pesadas notas que saem do jazz que ouço.
O final do dia faz amor com o entardecer, irão jorrar uma lua tímida, vazia mas com leves raios de sangue.
Acerto o compasso das palavras, quero-as sem nexo e conteúdo.
Vou em paz, trago o bater do teu coração.
O beijo que te roubei, deito-o ao mar.
Que me acompanhe cada vez que o vir. Esperarei depois que a noite descaia, no mar entrarei.
Irei fazer amor, sonetos e prosas os pescadores apanharão.
Deixo então o meu corpo envolver-se em tua boca.
O jazz avança, a minha mente divaga entre a voz da Diana Krall quando diz para o amor chorar um rio.
Quero apenas que faças de mim o jazz que te adocica a boca.
Rola o rolar na estrada que fiz em ti derrapar...
08 Abril 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Tacteio o escuro já coçado pela vertigem da saudade.
Procuro teus braços, o calor que me falta.
Vazio, frio me agarra.
Onde andas que não te vejo.
Escoa entre paredes o lacrimejar, a boca que se abre esperando um beijo.
Um só beijo que sugue a vontade de te amar.
Cegaram-nos os corpos, imposição dos que temem quem ama.
Sento-me, o ar é pesado.
Nesgas de um luar banham-me, lavam-me a alma.
Gota a gota que cai, é uma palavra, metáfora que escrevo.
Que importa se me encontram neste lamentar.
Que venham os hipócritas e me levem.
A alma que carrego encontrará e se consolará quando um abraço teu na luz do dia encontrar.
02 Abril 2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

Lá está a costureirinha, de olhar vago à janela.
Finge que executa um trabalho muito complicado.
Quem a vê, pensa que pobre alma a trabalhar até tarde.
Fios da noite misturam-se com o tecido que vai descendo entre o tricotar e a lágrima que serve de linha.
Mãos tímidas, desfiam um rosário de amor.
O seu amor está no outro lado da rua, finge que acende a lua que servirá de lâmpada à sua amada.
A costureirinha exibe o que esteve a fazer: remendou o seu coração, um espaço deixou.
A janela move-se, aproxima-se do seu amar.
Vem uma mão que fecha a janela, impõe o bom-senso.
Os dois amantes não mais se viram.
A lua que todos os dias se eleva afirma que a costureirinha não mais cessou de tentar preencher o vazio que outrora deixou.
15 Março 2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

A noite traz um seio de fora, não se importa com os demais.
Rasga o céu com uma lua tépida, esbranquiçada, cheia de amor.
Parado continuo neste tentar de um cigarro fumar.
Corre uma leve brisa que me desperta o sentido.
Penso em ti, absorvo a nudez que circula.
Movimento que a estrada tem não incomoda este raciocínio.
Deixo-me ir em lembranças outrora extasiadas, cheias de prazer.
A música jorra em cascata, ouço-a ao longe.
Chamam por mim...
Enlaço o desejo de te amar nesta boca que quer.
O corpo estende-se hirto, esconde-se sob o seio que teima em se mostrar.
Vontade de ter aqui, agarrar nesse fado que trazes e ser a Severa de outra quimera.
Que a noite recolha o seu seio e me deixe na negrura da noite.
Serei o anjo que te fará dormir...

13 Março 2009

terça-feira, 3 de março de 2009

Travo amargo na boca, deixou-me esta noite aquando seu nascer.
Leves pinceladas de sangue brotaram do mar para o céu.
Pensar, penso em ti.
Avisou-me, ela, que hoje não virias. Má, fria e cruel.
Cravou-me esta amargura, lavei o gosto com teu sentir. Sentir distante, virtual, platónico.
Conto as contas do rosário que me puseram nas mãos.
Quem me colocou?
Não te sei dizer. São talhados no mais fino frio.
Gela-me o escrever.
Escultura feita para mim...
Poderão dizer que dramatizo, não faz mal.
Este sentir obtuso, carnal mas tão divinal.
Encerro a cortina do olhar, se não estás que vou eu ver?
Ao menos que este degelo ao me fechar na concha sirva para beijar, lamber as dores que se dilatam.
Paz que sinto, tormento que ronda.
Condão que me foi destinado pelas mãos de uma poetisa.
Esta noite, talvez só hoje não vá por ruas e vielas.
Nada de novo me iria trazer.
O gato que se chega traz-me de beber. É doce, suave tal qual veludo.
Parece teu corpo ao roçar-se no meu.
Vou embriagar-me pensando em ti.
Se conseguir, deixarei o travo amargo no ponto que não colocarei nesta frase...
03 Março 2009

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sentado a meia-luz, penso que quero pensar.
Retiro mais fumo da boca que se quer pronunciar.
A noite envolve-se nas frases curtas que vou tecendo.
Corpo inerte, olhar pendular.
Sozinho com a brisa que me esbofeteia, choro.
Chorar que lava a alma, o chão que me sustem.
Abraçar a carência e dela fazer um fantoche não seria má ideia.
Peça teatral, talvez até palaçal.
Despida de pudor e louvor nem à puta mais reles iria servir.
Não te zangues, não sou bipolar.
Raiva que cresce e desce consoante a tristeza me toca.
Fazes-me falta, tanta falta.
Sou a caravela atracada num porto sem rei nem roque.
Cai o pano, lá longe chamas por mim.
Não venhas já, deixa-me terminar de fumar.
Senta-te aí na sala de espera do meu chamar.
A raiva que sinto não tens que a carregar.
Tratarei de a expulsar aquando o anjo a levar.
Vou ali venho já, vou dizer adeus ao meu pesar.
Aqui estou, tira-me deste navegar que ao meu chorar vem sempre parar.
26 Fevereiro 2009

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O dia cessou com leves farrapos acobreados pelo calor.
Tentei escrever o que a mente dilatava, vazio sobreposto pelo cansaço.
Ainda pensei em pegar no lápis que dançava em torno da folha que gritava por palavras.
Sons abafados circundavam, a mão que não respondeu.
Adormeci sob a frase que pairava no ar, a mesma que deu início a isto que te escrevo.
Escrever pelo simples acto de ditar algo que me faça sentir vivo.
Agora já a noite se despiu, olhando o horizonte sinto que estou oco quanto ao sentir.
Nesgas de pensamentos fazem completar o esqueleto deste marasmo.
Nada sei, nada sinto. A vontade de sair de onde estou é mandada parar pelo agir.
Não sou o sujeito da acção, apenas o verbo que estagnou no pertérito-mais-que-perefeito.
25 Fevereiro 2009

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Quão leve é o pesar que carrego neste pensar.
O dia vestiu-se de noite, tons alaranjados misturam-se num raiar de escuridão.
Turbulências nocturnas, galopam sob a lua que se acende.
Meio fundida, meio lapidada por dedos cansados.
Desdobro a quantidade de palavras em qualidade do ouvinte.
Não quero enumerar o pesar se te pões a pensar.
Pensar distante, por vezes vazio, camuflado por um leve sorrir.
Se angústia na frase colocar e o pesar retirar, poderei afirmar que o pensar é a dor adjacente do que me faz chorar.
A lua o pico atingiu, não penses que me ponho a olhar.
Distracção neste rol de lamentar só traria sobriedade à embriaguez que te quero mostrar.
Poderia terminar o mundo, eu impávido assistiria. Se este pesar carrego é por tanto te amar.
Amar e não ter, querer e não poder.
Que estas mãos inúteis te escrevam, não que o amor é lindo, floreado, etc..
Apenas e somente que é por ti que escrevo e outros seres bombardeio as lamurias que sinto.
Vou tentar adormecer, se chegares toca à porta três vezes. Saberei que o carteiro o meu pesar remeteu e o teu corpo me deixou.
20 Fevereiro 2009

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Entre espaços lambidos pelo desejo, saem versos que te escrevo.
Galgam tórridas palavras de amor, paixão saudade...
A noite descai, tímida, traz um rosado na face.
Deixo que a mente divague e mergulhe no sentir.
Aguarela que pinto, torna-se em teu corpo.
O mar juntou-se ao arraial, sublime. Serpenteia, leve como seda desliza por entre o espelhar de uma gaivota que a seus pés pousou.
Não sei onde estou, até poderei ir para um paralelo de mim.
Não adianta olhar em redor, olhar vidrado impede de vasculhar.
Os versos ganham corpo, alma, um coração.
Serão as fitas que irá mascarar teu olhar profundo que me agarra e faz vibrar.
Espaço espaçado, encurtado pelo beijo que te roubei.
Se foi pecado não sei, embora amar-te me faça pecar por tantos versos te dar.
18 Fevereiro 2009

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A velha oliveira quer amanhecer mais uma vez na terra que a sentiu nascer.
Deseja que o raiar lhe adocique a penugem já gasta por todas as mãos que lhe tocaram.
Quer porque quer que o infinito a faça girar até tombar.
Saudades dos tempos em que os catraios se sentavam no seu colo, choravam, riam, beijos davam...
Sente-se só, agora a negrura da noite dissolve-se no orvalho.
Ainda brotou uma azeitona na ponta da sua boca.
Linda, tão bela. Orgulho tem, medo também.
Ninguém chorará, lamentará o seu desfalecer.
Olha de frente o monte que a rodeia.
Virão pessoas deitar-se ali. Ela já não estará presente, só tem uma coisa em mente: morrer na boca do anjo que a colheu aquando a sua queda.
Fecha os olhos e espera...
12 Fevereiro 2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Horas mortas, conheço-as bem.
Acompanha-me uma chávena de chocolate quente.
Entre cada baforada de fumo que se dissipa vagueia o pensar sem ter onde pousar.
Noite taciturna, pavoneia-se entre o orvalho do luar.
Olho o horizonte, cegueira da solidão.
Rola mais um golo, queimo o chão. Peço desculpa.
Não sei que dizer, talvez nada ou devo gritar?
Embalo o gracejo de uma criança que se chega a mim.
Enxoto-a, não me digam nada. Nada, simplesmente o nada.
Horas mortas, passam por mim num leve esvoaçar.
Ao longe, não sei bem quando, o chocolate se esfumou.
O cigarro já em cinza está.
Bem que gostaria de matar este tic-tac que me leva a pensar o quanto te quero amar.
08 Fevereiro 2009

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Caem gostas aborrecidas por o vento estar a cantar sobre elas.
Ambiente gélido, faz com que me enrosque nas palavras do livro que gulosamente vou comendo.
Pontada de saudade me toca.
Sentir ambíguo desperta um prazer e tristeza.
A chuva pica a janela, fecho o olhar.
Imagino-me sentado na cauda do vento. Vou ter contigo à ilha dos amores.
Sou acordado por raios e cursicos que lutam entre si no chão.
Uma chama lambe a persiana semi-aberta, semi-fechada.
És tu que me vens amar?
Fecho o livro, deito-me. A monotonia das gotas agora é loucura.
Caem sobre meu corpo que arde ao sentir o prazer de em ti estar...
01 Fevereiro 2009

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Cegonha ao longe, leva no bico a notícia do entardecer.
A luz desmaia sobre as asas que esvoaçam num abrir e fechar de invejar.
Rasga o céu, a lua que espreita salpica o chão com graves esbocejos.
Vê como voa, leva com ela a eférmide que é o tempo.
Enigma da paixão, desvendado pelo chão que de tanto lhe pisarem grita que amantes até mais não.
A minha mão enlaça-se na tua. Suspiro que se livra da minha boca.
Cai, morre no ar deixando um leve ardor.
Queria ser cegonha, o chão, o luar. Nada ou tudo, mas um coração apaixonado só sei ser.
Resultado paralelo da vida que tenho em torno de uma cegonha que um beijo me tirou.
A meu lado já não estarás aquando a frase terminar.
Ficarei a lembrar que em meu corpo quiseste bicar.
27 Janeiro 2009

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Não há palavras.
Os sentimentos não se medem em métricas de palavras.
Poderia usar o senso comum bem como o lugar comum.
Não somos banais, nem a nossa relação, logo condensar tudo em palavras?
Vulgarizar algo que muitos invejam seria sobrepor uma capa de hipocrisia.
Que me venham dizer que a saudade se demonstra.
Mostrarei o quão estão errados.
Assim como o livro que termino, lágrima que não caiu.
Sinto o desejo desabrochar na forma animalesca do não ter.
Gostaria de ser como a gaivota, sobrevoa o mar e num segundo o peixe obtém.
Na condição de ser humano resta-me a liberdade de voar entre o tempo esquecido que me espreita na viela mais próxima...
19 Janeiro 2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Fecha-se a noite, o tic-tac do relógio parou. Respiração que se sustem.
A mão que brinca, a carne que explode ao mais pequeno trajecto.
Amantes beijam-se, unem-se num fogoso cumprimento de saliva.
Evidência que palpita entre cada nota tocada.
Desejo de rasgar o céu, atravessar a via láctea e nos anéis de Saturno girar e girar até o êxtase borbulhar.
A mão que não quer parar, desenha a nudez na neblina que se gera.
Não há gemidos, encurtaria o tempo que tão pouco se torna.
Empurram a ausência carnal, vivem o prazer divinal de estar e não estarem a fazer amor.
Leve bater sentem. A mão parou, as bocas que se fecham.
O tempo entrou e um adeus ditou.
Correm destemidos por entre gracejares, escondendo a mágoa de mais uns dias o tempo ditar.
O tempo, sempre...

14 Janeiro 2009

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Silêncio, não que se vá cantar o fado.
Imposição do espaço temporal.
Rola lá ao longe, diálogos, monólogos não os sei definir.
É uma enxente de sons que se misturam com o esbracejar do pensar.
A lua rasgou a noite, fez-lhe um corte na diagonal.
Jorrou sangue, nasceu a embriaguez dos que temem a vida nocturna.
Entre as putas, gaiatos que bebem e se fazem de homens, estou sentado.
Virei-me de costas para o luar. Sinto o banho de luz, raios que penetram as palavras.
Cândida é a forma como evapora o meu fumar.
Ondas de fumo que formam balões de diálogo nas personagens.
Deleito-me ao tentar entender o que pensará cada uma. Bem visto será que não quero eu deambular pelos arquivos do meu rol de pesares.
Desce a rua a vontade de gritar. Escondo-me não me apetece falar.
Daqui vou sair.
Para onde? Não me importa.
Oh noite, eleva-me em teus braços. Deixa-me na cama do verbo amar.
Vou-me embora. Sem destino mas com vontade de poesia te declamar...
7 de Janeiro 2009

domingo, 4 de janeiro de 2009

Ainda que quisesse mostrar-te a luz, não iria ser possível.
A noite sobrevoa-nos, rasteja a geada diante dos olhos.
As mãos que gelam, a boca que se mostra preguiçosa por esboçar um leve olá.
Eu ordeno que acordes, não me ouves.
Sacudo o teu corpo.
Não vás com esse senhor. Ele levar-te -á por gélidas águas. A outra margem é obtusa e soturna.
Anda para meus braços, encher-te-ei de calor e amor.
Vê como ando a praguejar.
Loucura, exaustão.
Nada poderei fazer bem sei.
Não me digam: como estás?
Estou que não estou, o céu acende-se perante tua presença.
Corro pela escadaria, anda agarra a minha mão.
Despede-te dos que já conheceste.
Acordo deste pesado sonhar, estás ainda aí.
Inerte e disperta perante os olhares que te querem deixar descansar.
Choro a dor e mágoa que ainda há-de vir.
Não me despeço eu de ti.
Estarás sempre junto a mim aquando o homem de negro te abraçar.
04 Janeiro
Para a minha irmã.