segunda-feira, 21 de junho de 2010

Noite tranquila, peso que aglomera entre o peito. Fardo que do nada veio e em mim se deitou, não chorarei, lágrimas não se deitam em vão.
Vazio, talvez não poderei afirmar o que não sei. Tento apagar o cigarro que luta, ri-se de mim e para mim.
Olho a noite, despida e gaseificada pelos que deambulam em pensamentos irrisórios e quem sabe tão fluentes quanto as palavras que tento escrever.
Imóvel, tento cegar o vaivém de emoções, saltam da pele como quem se depila.
Não sei que fazer, em papel iria transbordar os demais que me lêem.
Não quero incomodar, deixai-vos estar.
São estados de um poeta que tem necessidade de sentir as emoções, procura-as e depois castiga-as por se terem apoderado do seu corpo.
Noite tranquila, atormenta o corpo que se esconde entre uma penumbra.
Restos de um corte que alguém se ajeitou a fazer, não foi propositado nem calculado.
A vida tem destas andanças, teima em brincar com os seres.
Ai de quem diga que nunca se sentiu uma parte do buraco negro que habita o universo, uma parte de mim lá se encontra.
A outra arde no inferno do prazer, explode, queima o que rodeia.
Não quero esta noite tranquila, despejo-a num cinzeiro lambido pelas palavras que nele se deitaram.
Venha o tormento de noites frias, ao menos saberei colocar a manta.
21 Junho 2010

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito deste poema. Cris