terça-feira, 1 de julho de 2008

Asas, para que as quero?
Não sei voar, ando bem devagar. Neste mundo de passagem estou.
Obrigado a quem as me quer dar.
Não são precisas, com as mãos levanto voo aquando a alma o entende, os meus olhos levam-me a horizontes belos e distantes.
De que preciso eu?
De asas não será certamente, a liberdade encontra-se fechada numa mão que a estrangula.
Não seria o acto de penetrar o imenso céu e as nuvens que me iriam fazer sentir liberto de algo a que não estou preso.
Prisão?
Todos nós estamos encurralados numa masmorra, seja ela qual for.
Do forro sentimental, sexual, profissional não importa.
Não a sentimos quando devemos sentir.
Quando os dedos folgam um pouco, e escapamos por entre as gretas que os adornam o corpo que carregamos sente-se confuso.
Inerte o cérebro comanda que voltemos.
Pincelo de verde esperança as grades que me separam do mundo exterior.
Há uma nesga de saudade do tempo em que berrava por um biberão de leite, tempo que não volta.
Sofrer, não sofro, não sei o que é ser livre.
Saberá por ventura algum ser o que essa palavra significa?
Todavia enchemos a boca afirmando que não vivemos enjaulados uns nos outros.
A liberdade termina onde a do vizinho começa.
Poderia ser o tema de uma crónica, eu direi que se trata de uma mera falsidade que a boca dá ao pensar quando este não tem mais em que meditar.
Eu dou-te as asas que me ofereceram, sê tu livre na imensa ignorância de pensares que um dia voarás por entre os trigos doirados.
Beija a lágrima que deito, guarda-a em tua boca.
Poderei não ser livre na quantidade e forma da expressão que escrevo, mas serei mais livre pensando que estou preso a uma mera máscara que cairá quando a noite chegar.

01 Julho 0h38

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