terça-feira, 27 de abril de 2010

Num minuto comete-se a maior loucura, o pecado sem retorno.
Amar durará certamente mais que um segundo, uma eternidade para além do que o relógio pode suportar.
Desenha-se no ar uma sombra, um gemer, um entardecer de corpo suado.
Tudo se evapora, sai com um gesto.
O corpo quer expulsar o sentir, contorce-se e enrola-se em posição de feto.
Choro a metro, ligam o coração ao desejo de pensar sequer em amar, ter em sua boca o doce néctar de um beijo.
Quão obtusa é a vontade do ser, corte transversal numa palavra que se solta.
O amor, desejo?
Não retornam, descai o pendurico que se transporta. Que importam o que pensam, a vontade que se sente ultrapassa limites impostos.
Quem desenhou a linha fronteiriça que distingue o pecado do correcto?
Não se pretende saber, o que cá vai é tão grande que numa mão transbordaria em cascata.
Banho de luar, lânguida é a forma como o corpo retoma na cama que o sustenta.
Num minuto, não importa qual tudo se transforma.
Abraço dos que despem a máscara, a pele. Fardo pesado, acto contínuo.
Correr e ser puta, preencher o vazio nos braços do que se ama.
Puta, porque não?
Existe uma em todos nós, lá vem o conceito de bom senso, hipocrisia dos demais.
Liberdade nem os pássaros a têm, voam muitas vezes para a gaiola que alguém criou.
Fénix que renasceu, de novo os céus ergueu.
Apesar do minuto voar tal qual o pássaro, não se desiste de amar mesmo sabendo que no segundo a seguir as algemas que nos colocaram se apertarão...
27 Abril 2010

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