quinta-feira, 10 de junho de 2010

Arde em mim uma centelha de calor, ardor, durão que se instalou algures no hemisfério norte do corpo.
Será no Equador?
Tanto faz, onde seja, vai e vem como um pêndulo que se dá um toque e só pára quando a lei da física o entender.
Vergonha contida entre um biombo, corpo que desenha no ar gulosos movimentos carnais. Não há espectador, sorriso que se parte em dois.
Lágrima cai no soalho, estrondo que se ouve.
Ninguém acode, que importa?
Nunca ninguém saberá entender, a vida tem destas ironias.
Lânguido é o momento em que o corpo se endireita, permanece no ar o cheiro de algo que poderia ter acontecido.
Timidez há muito que se perdeu na cama, enrolou-se entre beijos e abraços.
Deslizar de gueixa, arrasta-se um perfume, único e sensual.
Sensualidade atrás de lençóis que agora parecem ondas de um mar turbulento.
Treme o corpo, o universo em sintonia. Explosão de estrelas circundam o tecto, vê-se ao longe um cometa. Corpo que se estica, extenuante, expectante por mais e mais.
Sobra a saudade e vontade que cavaqueiam enquanto as mãos tapam a face.
Palavras assanhadas saem da boca, qual gata em pânico, embatem na parede e caem sobre o colo. Colo vazio, sem viva alma para aninhar.
Leve sono se aninha ao lado, lugar esse que deveria ser ocupado por um cigarro.
Fecha-se o biombo, o espectáculo nunca começou, afastem-se os voyeurs.
Reina e impera a ansiedade do que não se teve.
10 Junho 2010

1 comentário:

Ganchorra disse...

Muito Bonito! De onde terá vindo essa inspiração divina que nos comove com a beleza das palavras e com o sentimento que elas transmitem? Parabéns!