quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Apontamento de um ser:
Choro pela noite, desgraçada tem mudanças de humor.
Nunca sabe se quando ri, chora.
Piso, o quê?
A estranha forma de vida que ela me deu.
Brejeira como é, deu-me em quimeras o prazer de uivar, gritar, rir...
Se hoje por ela choro é porque a indiferença me penetrou.
Teimo em raspar as lascas que dos dedos saem.
Já não escrevem, a humidade os gelou.
Hoje sou a carpideira, a viúva que de vermelho se vestiu e um fado dançou.
Abro os braços, que entre em mim a negrura da saudade, da tesão, da loucura...
Não estou nu, com papiro me vesti.
A pena que me irá escrever, molha-se nas lágrimas.
Será em branco que o soneto irá aparecer.
Que a língua que me deseja venha lamber a tristeza e transborde a hipérbole do sentir.
Choro pela noite é verdade.
Chorará ela por mim? Claro que não!
Ingrata.
A lua que a acompanha deita labaredas.
Arde para em mim renascer.
Chorar, choro por a mão que me tocou estar a escrever um beijo no coração que dei.
26 de Agosto de 2008

1 comentário:

Anónimo disse...

Lágrimas são a prova de que se sente, e quem não sente...