quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Maria Bethânia - Tenha calma



Tento manter a calma, disparos de sentir, amargura, como que numa roleta russa nunca se sabe quando vai sair a cor que escolhemos.
Morro na estrada, não chego a esquartejar as palavras em gumes, rolam no asfalto em cru.
Saberão porventura que ser humano é sentir em duplicado o que outros não sentem?
Que falta faz a paz que se avista ao longe, espinhos rompem do nada, nem chego a senti-los.
Por vezes vem um bálsamo, refresca o esquecimento, ludibria o sentir que se sente cansado de tanto se mostrar.
Bem que quis, esqueci o que quis. Rasgos de memórias, estado de lucidez estrangulado entre olhares e bofetadas que o vento me trouxe.
O desejo, esse vive só, quis partir, implorei que não me deixasse.
Venham até mim, me elevem num pedestal sem suporte, não quero ser Rei nem senhor de quimeras. Imperador de uma terra de ninguém, tanto faz que seja no vazio que choro os acordes de um fado.
Descai o pano sobre mim, tudo se apaga , estou no céu? Que importa se silêncio, harmonia e tudo o que quis manter se vem chegando...

24 Novembro 2010

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