quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Estranha vontade de fechar o olhar, adormecer...
A sala roda em torno do copo de vinho que não bebi.
Façam as suas apostas, digo eu.
Ninguém está aqui, dispo-me e ponho-me a pensar que a leveza da brisa me acalma a leida ansiedade.
Mão que me embala, cospe melodias de outrora.
De cigarro na mão, enxoto o embalar.
Estendo-me na languidez do desejo. Tapo o sexo, cruzo o olhar e exalo uma baforada de fumo.
A minha vida seria um cabaret ordinário em hotel de luxo.
Lá vagueiam as doidices que me saem no ar que me circunda.
Destapo-me, sou livre.
Que me importa que venha um olhar indiscreto pela janela.
Danço num compasso ritmado, alegre.
Desloco-me até à janela, rua deserta. Tresanda a cusquice, passeia uma coruja na corda da vizinha.
Recebo o beijar nocturno de braços abertos.
Atrás de mim ainda jogam a roleta russa.
O copo que deixei chama por mim.
Bebo de um só trago.
Veludo que me toca, calor que cresce.
Num momento instantâneo lá vejo chegar um orgasmo.
Solto um suspiro que invade o exterior.
Mandam-me calar.
Gargalhada duo, janela que se fecha.
Sonho que se iniciou...
10 Novembro 2008

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