terça-feira, 14 de abril de 2009

Quem esperas nesse vão de escada?
Não te vejo, estás num ângulo obtuso, a penumbra corta-te ao meio.
Trazes o sexo dependurado como quem traz um ramo de flores.
Anseias a sua chegada, esgravatas o metal, róis a vontade.
Deixa-te estar, saíres seria um adeus ao que está para chegar.
Olhar vago, melancólico, vidrado à espera de um passo, um arrastar de uma porta.
Tudo ouves, nada verás.
Tremes ao sentir a noite escoar no chão. Toca-te, veste o teu corpo de loucura.
Choras, ris...
Mentalizas-te que não virá, teu sexo recolheu.
Esqueceu que teimas em ter desejo de...
Ver-te nesse pesar, faz-me chorar.
Lágrimas galopam de mim para ti, telepatia.
Deixas que o cigarro te fume, envolva na geada da dor.
Ergues teu corpo, pesado pelo que sentes.
Ditas à mão que escreva um soneto, depressa, depressinha.
As palavras querem dormir, ardes de loucura, tesão.
Quem esperavas não veio, já o sabias antes de acontecer.
Impuseram que fosse assim, esporádico e teatral esses encontros fugazes...
Vais embora, também vou.
Do outro lado te vejo partir.
Do lado oposto estou a pensar que ao espelho não mais me quero ver.
14 Abril de 2009

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