segunda-feira, 2 de junho de 2008

As horas escoam entre os ponteiros.
Há muito que o sacristão sacudiu o sino assinalando as onze horas.
Estendido sob a manta de silêncio, teço as linhas de saudade.
Serpenteio a vontade de fumar o teu corpo.
As mãos tremem, choram com ardor.
Recebo o desejo que me roça com a sua língua.
Salto dou, deambulo tal um louco que um dia a camisa-de-forças perdeu.
Que fazer? O meu ser ouve um jazz, a vocalista corta o silêncio em quartos.
A mulher que chora na rua.
Não bastava a vontade, ainda tenho que ver o que ali vai.
Chora sentada num beco.
O homem que amava, com ela amor fez.
Amor sofrido, lambido pela lágrima de ser a última vez.
Não consigo volto para a manta.
Coloco o som no alto, desfaço o manto tal qual a mulher de Ulisses.
O cigarro acendo, bebo a chama.
Meu corpo arde, dispo-me.
Como desejo que aqui estivesses.
Teu corpo molhar-me-ia com o desejo e a loucura irá experimentar.
Arrefeço, vou ter com a mulher que chora.
Trocarei com ela de lugar, chorarei é verdade.
Mas chorar de quem amor contigo fez sabendo que em breve voltarás.
2 Junho 2008

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