domingo, 7 de setembro de 2008

Horas mortas, encurtam o leve passo.
Choro, a saudade cai abrupta.
Conto o que me seca a alma.
Formando um círculo cúbico, batem palmas.
Caio, afogo-me no meu próprio pensamento.
Que um raio afugente o pesado tic-tac.
Se gritar, irei acordar o silêncio.
Nestas horas, há o hábito de contar quantos fios de cabelos tem o luar.
Hoje, o amargo da saudade teima em me atormentar.
Não a pretendo afugentar.
Desejo-a em meus braços tomar, beijar e ao êxtase e à loucura a levar.
Mas somente hoje, e porquê hoje?, nem o pestanejar quer funcionar?
Ergo-me e piso as horas.
Já não quero pensar.
Deitar-me seria um desejo obsceno.
Tomarei a liberdade de acariciar a ponta do véu.
Véu que desce sob mim.
Cetim?, é provável.
Lembra-me o teu corpo num breve roçar.
Envolve as horas que matei, jamais terei que lamber o veneno que é não te ter aquando o relógio parar.
Sentido obtuso?
Qui ça, sendo o verbo amar dos mais irregulares que em meu corpo irá passar.
07 de Setembro de 2008

1 comentário:

Anónimo disse...

Que o tempo não faça de ti escravo para que tenhas sempre palavras que preencham o tempo dos outros!

Abraço!