segunda-feira, 26 de maio de 2008

Dispo a vontade que se alojou em meu corpo. Avanço em passos de gueixa velha, estou na varanda.
Os raros transeuntes que vagueiam nesta sombria noite olham-me, uns com curiosidade de ver alguém nu outros com ar de reprovação.
Trago comigo a vontade, juntos fumamos do mesmo prazer.
Prazer contínuo de imaginar o que poderíamos estar a fazer neste momento.
Levanto o sexo, bem a jeito de haste.
O mesmo que se ergue chama a atenção de uma coruja. Avança devagar, coloca-se no gradeamento que me separa da rua.
Pergunta-me porque estou eu naquela situação.
Respondo que ofereço o meu prazer aos deuses para que eles me levem até Apolo.
Desejo que me percorre o corpo, faz-me tremer e atingir o auge. Expludo, grito!
A vontade ri-se que nem uma doida, a coruja envergonhada vai-se embora.
Após este feito sento-me, visto de novo a vontade.
Um vento me percorre o corpo, danço com ele sob a música que toca no rádio.
Não tenho pudor, continuam a olhar. Finjo que não vejo, nada me importa.
Desejo que as minhas mãos voem e te toquem ...
Ouço uma voz que me chama, é a minha razão que me espera na cama.
Volto para o meu refúgio, enrosco-me na cama.
Não irei fazer com ela, é má conselheira.
Irei dormir, contigo irei fazer amor entre as nuvens e os desejos daqueles que têm vergonha de assumir que conseguem atingir o mais puro orgasmo enquanto dormitam.
A coruja que volta, desta vez por de trás da janela se coloca.
Declama um dos poemas que mais gosto.
Adeus e boa noite a todos - preparo-me para que Morfeu me embale.
Anda meu anjo, aproveita agora que ninguém nos vê ou ouve.
Vem de mansinho, não necessitas bater.
Quando entrares sussurra-me ao ouvido, saberei que és tu.
Estou aqui nu e de alma aberta para que possamos o céu tocar e a lua beijar.
25 Maio

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