segunda-feira, 7 de abril de 2008

Acendo um cigarro, oiço teus passos arrastarem-se no poema que declamei ao soalho. Perguntas: Ainda acordado? Respondo que te espero; Chegas-te a mim. Dás-me um beijo de boa noite. Choro um verso, que me inunda o gélido corpo. Continuo de forma lânguida a puxar o fumo. Teu corpo vai-se desenhando. Tomas a forma de uma nota musical. Sento-me numa cadeira, sem parar escrevo. Invento uma nova corrente literária. Estrangulo as palavras com a dor de apagar o cigarro no cinzeiro. Paro, estou exausto. Gastei as palavras, coloco tudo no baú. Peço-te mais um beijo. Não me ouves, recolhes a sintaxe que está no chão. Anda, isso não se perde. Deito-me sobre o lápis que usei para escrever. Estou aqui na nudez de quem deitou fora a palavra e abraçou o amor.

23/03/2008 23:45

Sem comentários: