Do relógio sai tic-tac, tic-tac.
A escuridão que me acolhe.
Eu deitado, abro o olhar.
Pensamento que sai, entranha no breu.
Não me mexo, quem está aí?
Nada, ninguém. É o eco do meu respirar que se sobrepõe ao tic-tac.
Loucura, loucura será eu não gritar.
Irei gritar na surdez dos que não ouvem.
Rio baixinho, psiu não posso acordar-me.
Acabo por espremer o palpitar, o grito, a raiva no estampado dos lençóis.
Maldito tic-tac, porque não calas esse gracejar.
Fumar, não posso. O que posso eu?
O corpo dormente nem sente o leve bracejar do Morfeu.
Parto o tic-tac. Raios!
Silêncio gritante, incomoda-me.
Remexo-me, a cama geme.
Sair, vou-me. Para onde?
Não sei, o onde não importa se o porquê bem o sei.
29 Abril
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