terça-feira, 22 de abril de 2008

Quis o grito se soltar, agarra-o ai que ele se vai - guincho que sai da velha que está à minha frente.
Acabou por se prender entre a braguilha e o monte que a separa.
A velha que finge não querer ver, mas descobre o olhar.
Tento soltá-lo, sacudo, mexo, abano ...
Ai jesus que me esmurro e o grito não sai!
Desisto, outros gritos terei que libertar.
De tez serena, espicaço outro, o que preso ficou ciumes demonstrou.
Raios partam os gritos, qual gases e puns que libertamos quando não desejamos.
Encolho-me de vergonha.
Um riso malvado me sai, estarei senil?, doido?
Que me importa a sanidade se nem um grito me sai.
A minha mudez incomoda muita gente, mas não incomodarei eu muitos mais quando grito com as palavras, o que os demais desejariam libertar?
Conto à velha, que grito de prazer ao ter um orgasmo - pobre velha, lembra-se dos tempos em que ansiava o dia de Reis - grito de dor, de angústia ...
A velha acena com a cabeça, será aquilo sinal de assédio?
Finjo que não vi, deixo-a a dilatar as teias de aranha que a acompanham.
Dou por mim, sem o grito que queria gritar e que preso ficou.
Aceno um breve adeus, retiro-me para onde o grito me amou.
22 Abril 18:03

1 comentário:

Anónimo disse...

NAO ESTAVAS TAO INSPIRADO COMO DAS OUTRAS VEZES(DEVE SER DA GRIPE),GOSTEI MAIS DE COISAS ANTERIORES...SORRY...
MAS JA VI QUE ME ACRESCENTASTE, OBRIGADO!BJS